sexta-feira, 8 de abril de 2016

AJALON - DOWNLOAD GRATUITO AMAZON 9 e 10 de Abril

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09 e 10 DE ABRIL.


AJALON - Gardenia Yud


Joshua, um viúvo com passado turbulento encontra uma noiva misteriosa e sem memória em meio a uma nevasca. Uma descoberta surpreendente o espera.







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Em busca de um recomeço, Joshua encontra em Ajalon um refúgio e uma visão. Porém, é durante uma nevasca, que ele se vê diante de um mistério que pode ser a chave para sua restauração, ou um retorno destrutivo ao passado: uma mulher em um vestido de noiva, sem memória ou história. 

Seu surgimento ressuscita conflitos que acreditava ter superado, traz de volta amigos e inimigos, e o lança em um campo de batalha, onde ele terá que enfrentar seu passado, consolidar a conquista de sua herança e tomar decisões que possam, enfim, sincronizar seu tempo — infinitamente distorcido —, e sua vida, para encontrar descanso. 


Em Ajalon, Joshua enfrenta sua longa noite, sacode a poeira do luto e recebe o sopro divino para alcançar cura. 

quarta-feira, 6 de abril de 2016

AS AVENTURAS DE LADY BEATRIX - parte 2

—Você veio a nossa cidade para ajudar um malfeitor, e por isso, também será punida.
Ainda desnorteada, Bee foi levada para a cidade juntamente com Billie. Foram encarcerados em celas separadas, até que fosse decidido o tipo de pena que pegariam.
Boquiaberta, ela ouviu o veredito daquele julgamento corrupto. Billie seria enforcado como um exemplo para aqueles que tentassem se esquivar de cumprir acordos firmados entre cavaleiros e ela tomaria o lugar dele na padaria de Monsieur Pierre. Não se compadeceu tanto por si mesma, mas estava destroçada por Billie.
Se soubesse que entrar naquela vila que era conhecida por ser habitada por gente amigável e alegre, terminaria em tamanho desastre, teria passado de largo.
A sentença seria aplicada no dia seguinte, e ela estaria presente para não se esquecer do que poderia acontecer-lhe, caso tentasse se esquivar da padaria de Monsieur Pierre.
O cadafalso estava posto à praça pública, a multidão aglomerava-se para assistir ao espetáculo bizarro como se estivesse em um circo de horrores.  O pobre Billie, de mãos amarradas atrás das costas, subiu a estrutura de madeira com uma dignidade que a comoveu. Ela jurou a si mesma que não olharia para ele quando seus pés estivessem agitando no ar em desespero pela última gota de vida. Os olhos verdes encaravam o espaço à sua frente em uma tranquilidade quase inumana.
Um homem vestido de vermelho subiu o cadafalso com um tambor pendurado em seu pescoço por uma tira de couro. Baqueteava o ritmo dos últimos momentos de Billie. Bee não conseguia deixar os olhos do rapaz e então percebeu uma mudança neles. Os globos oculares pareciam que ia saltar das órbitas. Seria temor? Não. Era surpresa?! Com algo mais. Esperança.
Não apenas ela, mas todas as cabeças se viraram para onde olhava Billie.
Era apenas um homem.
Simples. Ordinário. Roupas de agricultor. Cabelos e barba grisalhos. Mas havia algo extraordinário. Um cajado de madeira e o olhar intimidador. Ele andou entre a multidão que foi abrindo passagem para ele.
Um sussurro aqui, outro ali, e da cela para animais de onde estava, ela pode ouvir pedaços de sentenças. O cultivador de sicômoros, disse um. O que veio fazer aqui? Perguntou outro. Perturbar-nos com suas palavras, é só o que faz em nosso meio, respondeu uma mulher amarga, que em seu vestido de festa percebeu que a diversão teria um desfecho diferente do que esperava.
O cultivador de sicômoros. Parecia animador, pensou Bee.
Conde Pauli, colocou-se diante do homem e perguntou.
— Veio assistir a sentença, Amós?
O homem rústico — de vestes e gestos—, afastou o prefeito para o lado com o braço talhado pelo trabalho duro e prosseguiu até subir o cadafalso.  Olhou para o tocador de tambor que intimidado baixou os olhos, e depois para Billie. Removeu do pescoço do rapaz a corda grossa.
O Conde não se deu por vencido. Subiu apressado ao palco-tablado que havia montado e ordenou.
— Pare! Pare! Não pode chegar aqui e decidir o juízo. Ele foi julgado e sentenciado a morte.
O olhar do cultivador de sicômoros era grave.
O conde levantou o queixo e arrematou.
— Foi justo! Um julgamento justo.
— Eu conheço sua balança — Bee ouviu pela primeira vez a voz possante do homem polêmico. Virou-se para a multidão e seus olhos pareceram relampejar. — Vocês tornam o juízo em absinto, arrastam por terra a justiça e destroem os miseráveis da terra. Não se condoem do próximo, mas buscam oportunidade para pesá-los e vendê-los. Aos inocentes pervertem o caminho para levá-los a morte e à vossas mulheres, cobrem com joias roubadas, enquanto espezinham mais o pobre.
A mulher com vestido de festa abriu seu leque e começou a abanar-se: ‘ Que linguajar precário! Temos mesmo que suportar isso?’
—À partir deste dia, não há mais ferrolho nesta cidade.
E assim dizendo, tomou o braço de Billie e o removeu do cadafalso. Desceram o tablado de madeira diante de uma multidão silenciosa e a atravessaram sem que ninguém os impedisse. Foi então que Billie foi até a cela na qual ela estava presa e abriu-a para que saísse.






Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.


domingo, 3 de abril de 2016

AS AVENTURAS DE LADY BEATRIX - parte 1

Decidiu passar a noite fora do vilarejo e partir no dia seguinte.
Durante o percurso escutou um barulho estranho dentro da própria carroça. Parou-a, pensando, que talvez, algum animal houvesse invadido seu carroção, talvez até um rato. Lady Beatrix detestava aqueles animais. Algo que seu falecido pai a ensinara foi a manter a limpeza meticulosa e desta forma evitar aquelas criaturas sujas e provocadoras de doenças.
Pegou uma vassoura e foi atrás do invasor.  Qual não foi sua surpresa ao perceber que não havia rato nenhum, mas sim um moço. Ao ser descoberto, não se fez de rogado, deu um sorriso maroto e ergueu-se diante de Lady Beatrix.
A moça assustada deu um salto para trás e caiu por cima das tranqueiras do pai.
O rapaz apressou-se em socorrê-la e colocá-la de pé.
“Está bem, senhorita?”
 Ela o encarou sem nenhuma simpatia. Ao perceber isto, ele colocou as mãos na cintura e estufou o peito.
—Quem é você?
—Oh! Billie, ao seu dispor, madame.
Ela não gostou do tom de gracejo.
—O que está fazendo em minha propriedade? — perguntou exasperada.
— Ah... bem resolvi pegar uma carona — disse com ar distraído.
Havia um brilho sagaz nos olhos verdes e um lampejo passou pela mente de Lady Beatrix. Ele era o larapio da vila e estava fugindo as suas custas! Ela colocou-se de pé diante dele, que talvez fosse apenas uma ou duas polegadas mais alto que ela e cruzou os braços diante do corpo.
—Você é o ladrão da vila — acusou.
Uma sombra cobriu os olhos dele, e por um motivo desconhecido Lady Beatrix arrependeu-se de suas duras palavras.
Ele virou-se sem nada dizer e procurou a saída do carroção.
— Espere! — ela disse.
Mas ele não virou-se ou obedeceu. Afastou o tecido de cor que fechava a entrada do carroção e pulou ao chão.  Beatrix seguiu-o, sentindo-se cada vez mais culpada.
—Desculpe-me, não quis dizer isso, Billie! — quase estranhou a intimidade ao usar o nome de batismo de alguém que havia acabado de conhecer.
Ele virou-se para ela e o rosto sardento estava rubro.
—Quis dizer isso, sim! Não sou ladrão!
—Desculpe-me...
Então, ouviu um ronco estranho e quando entendeu de onde se originava ficou constrangida. Billie mais ainda. Ele baixou a vista e virou-se para ir embora.
—Para onde pensa em ir? Vou até a próxima vila, posso levá-lo ate lá... se ainda quiser.
—Vamos, suba no carroção. Vou montar acampamento até amanhã, acender uma fogueira e fazer um cozido de coelho.
Lady Beatrix ouviu o ronco novamente.
Billie olhou para ela orgulhoso.
—Troco comida por trabalho, madame.
Foi até a frente da carroça e subiu no banco de madeira do condutor. Lady Beatrix sentou-se a seu lado, pegou a rédeas e colocou os dois pangarés para andar.
O carroção seguiu pelo caminho da floresta que circundava a vila até parar em uma clareira. As primeiras estrelas já estavam no céu e Bee, tratou de acender logo o lampião. Viu Billie adiantar-se para fazer uma fogueira e logo depois se embrenhou no emaranhado sombrio de árvores altas. A moça achou a atitude tenebrosa, já que ele podia perder-se na escuridão e não mais encontrar o caminho. Mas, em poucos instantes Billie estava de volta com água. Saciou os animais e usou um pouco matar a própria sede. Pelo visto, ele conhecia bem aquele caminho, ela pensou.
Bee tratou de colocar o jantar sobre a fogueira e ficou a esperar o fogo fazer seu trabalho. Olhava para o rapaz de soslaio. Perguntou-se se era mais novo, ou mais velho que ela. O que fazia da vida, onde estava sua família e se era ele, o ladrão dos dois pães da padaria.
Quando o cheiro do ensopado começou a dar-lhe água na boca, pegou um prato de bronze  amassado encheu-o com o caldo e entregou-o para ele. Ele não fez uso do talher que ela havia dado a ele. Pegou a carne com a mão e engoliu-a de um bocado só. Ela teve medo que se engasgasse e lhe causasse transtornos. Então ele percebeu que ao invés de comer ela o observava. Não se fez de rogado, deu as costas para ela e continuou a comer com sofreguidão. Ao terminar, virou-se para ela com o prato vazio, e começou a observá-la enquanto comia. Ela pode perceber seus olhos torturados. Ela abandonou seu prato, pegou uma concha cheia de dentro da panela e olhou para ele.
—Você pode repetir!
E assim foi até que a panela ficou vazia.
—Eu trabalhava para Monsieur Pierre — ele declarou de repente. — Eu e minha irmã, fomos trocados por dois pares de sapato.
Bee olhou para ele aturdida, mas acreditou que não havia entendido bem suas palavras, ou talvez fosse algum costume exótico daquele povoado.
—Desculpe, não entendi. O que quer dizer com ‘trocados por pares de sapatos’?
—Nosso antigo dono nos trocou por sapatos.
—Sapatos?
Ele olhou-a sério.
—Eram dos bons. Couro bom, sabe. Não sapatos ordinários.
Ela não soube o que dizer.
—Mas ele não era bom pagador. Tinha que nos pagar por nosso trabalho. O justo! Sempre trabalhamos por nosso alimento e pouso. Toda manhã acendíamos a fornalha e preparávamos a massa, e depois de assada, recebíamos nossa porção. Mas com o passar do tempo ele foi ficando mesquinho. Quando a massa ia para a fornalha ele nos mandava cuidar dos animais. Tive que entrar em questão com ele. Ele passou a nos dar apenas metade do sustento que nos devia. Frances foi ficando fraca, até que adoeceu. E mês passado se foi.  Ontem apenas tomei o que era meu. Estava partindo. Não devo mais nada para ele. Ele enfureceu-se comigo, disse que não iria perder mais um empregado e me acusou diante da cidade. Não está certo sabe? — ele moveu a cabeça de um lado para o outro. — Isso não é certo, e eles sabem.
— Eu sinto muito, Billie.
Ele a olhou encabulado por suas palavras cheias de sentimento. Fez um aceno curto com a cabeça.
—Amanhã partiremos, e quem sabe na próxima cidade não tenha mais sorte?  
—Sorte...não posso dizer que tenho sorte, madame. Mas tenho dois braços e muita disposição.

Bee entregou-lhe um cobertor de retalhos coloridos e ele foi até o banco de madeira do carroção e pegou no sono quase que imediatamente. Ela entrou no carroção e deitou-se na cama estreita que se apertava no pequeno espaço entulhado de coisas. Dormiu até a metade da segunda vigília, quando ouviu gritos e um clarão alaranjado que se infiltrava pelas brechas do tecido grosso do carroção. Com o coração aos pulos, olhou por uma fresta e viu pessoas rodeando sua casa com tochas na mão. Com um puxão violento a entrada do carroção foi aberta, e ela viu o prefeito, Conde Pauli.