domingo, 22 de maio de 2016

EU SOPRO - A força do vento

Em meu livro JOSEFINA, O VENTO E O PÉ DE ROMÃ, Josefina está esperando o vento certo, aquele que transformará sua terra e permitirá que sua árvore brote novamente. Para isso, ela usa seu cata-vento mágico para tentar capturá-lo.

São várias as bibliografias, e mais fortemente nas arcaicas que favorecem o relato fantástico, que o vento é citado como um agente transformador dos tempos e da natureza. Ar em movimento, carregando em si terras distantes, os ventos podem ser suaves e destruidores: mas sempre, ventos de mudança. Algumas pessoas dizem: se quiser ouvir uma boa história, ouça o vento.

Debaixo de seu véu de mistério, este elemento da natureza sempre exerceu fascínio sobre a humanidade. Uma das passagens mais poéticas sobre o vento foi feita pelo sábio rei Salomão. Nela, os ventos são responsáveis por soprar nos jardins e causar o derramamento de seus formosos e agradáveis aromas, — um prenuncio de amor e romance. ‘Desperta, ó vento norte! Aproxima-te, vento sul! Sopra em meu jardim, a fim de espalhar por toda a parte os teus perfumes.’  ( Cânticos 4:16 ).

Mas um dos mais assombrosos Ventos de que se tem notícia é o Vento que entra em um cemitério, faz ossos secos levantarem-se de seus sepulcros, adquirirem vida e se tornarem em um exército. Não... não é um episódio de Walking Dead. Foi uma visão do profeta Ezequiel onde ele viu pessoas completamente mortas pela desilusão e escolhas erradas serem renovadas pela esperança que veio do Vento do Espírito de Deus ao soprar dos quatro cantos da terra.

O vento jamais é um elemento neutro. Ele é causador de turbulências, quer para o bem quer para o mal. Dependendo, é claro, da perspectiva. Minha tia sempre dizia a minha mãe, quando um vento lhe causava calafrios: fecha a janela que esse vento é ruim. E minha mãe não esqueceu o ensinamento fazendo questão de repassá-lo. 

O homem não controla o vento, pode no máximo aproveitar-se de sua passagem ao captar energia. Pegá-lo, vê-lo, você não pode. Mas não tente ignorá-lo. A despeito de sua invisibilidade, ele ‘causa’, deixa rastros. E ainda que não o vejamos, queremos senti-lo e sermos tocados por ele, já que sua ausência é sinônimo de esterilidade, pois o vento carrega sementes.


Da próxima vez que Ele passar por você não seja tão indiferente, pois o Vento diz: eu sopro. Ele sempre traz um novo dia.