Em meu livro JOSEFINA, O VENTO E O PÉ DE ROMÃ, Josefina está esperando o vento certo, aquele que transformará
sua terra e permitirá que sua árvore brote novamente. Para isso, ela usa seu cata-vento
mágico para tentar capturá-lo.
São várias as bibliografias, e
mais fortemente nas arcaicas que favorecem o relato fantástico, que o vento é citado como um agente
transformador dos tempos e da natureza. Ar em movimento, carregando em si
terras distantes, os ventos podem ser suaves e destruidores: mas sempre, ventos de mudança. Algumas pessoas dizem: se quiser
ouvir uma boa história, ouça o vento.
Debaixo de seu véu de mistério,
este elemento da natureza sempre exerceu fascínio sobre a humanidade. Uma das
passagens mais poéticas sobre o vento foi feita pelo sábio rei Salomão. Nela, os
ventos são responsáveis por soprar nos jardins e causar o derramamento de seus
formosos e agradáveis aromas, — um prenuncio de amor e romance. ‘Desperta, ó vento norte! Aproxima-te, vento
sul! Sopra em meu jardim, a fim de espalhar por toda a parte os teus
perfumes.’ ( Cânticos 4:16 ).
Mas
um dos mais assombrosos Ventos de que se tem notícia é o Vento que entra em um
cemitério, faz ossos secos levantarem-se de seus sepulcros, adquirirem vida e
se tornarem em um exército. Não... não é um episódio de Walking Dead. Foi uma
visão do profeta Ezequiel onde ele viu pessoas completamente mortas pela
desilusão e escolhas erradas serem renovadas pela esperança que veio do Vento
do Espírito de Deus ao soprar dos quatro cantos da terra.
O
vento jamais é um elemento neutro. Ele é causador de turbulências, quer
para o bem quer para o mal. Dependendo, é claro, da perspectiva. Minha tia sempre dizia a minha mãe, quando um vento lhe causava calafrios: fecha a janela que esse vento é ruim. E minha mãe não esqueceu o ensinamento fazendo questão de repassá-lo.
O homem
não controla o vento, pode no máximo aproveitar-se de sua passagem ao captar
energia. Pegá-lo, vê-lo, você não pode. Mas não tente ignorá-lo. A despeito de
sua invisibilidade, ele ‘causa’, deixa rastros. E ainda que não o vejamos,
queremos senti-lo e sermos tocados por ele, já que sua ausência é sinônimo de esterilidade,
pois o vento carrega sementes.
Da próxima vez que Ele passar por
você não seja tão indiferente, pois o Vento diz: eu sopro. Ele
sempre traz um novo dia.