quarta-feira, 15 de junho de 2016

SÓ FICARÁ DE TI - TORQUATO DA LUZ


Só ficará de ti o que fizeste por amor.
O resto não valeu:
foi apenas poeira que se ergueu 
em teu redor e o vento varreu.



Só ficará de ti o que escreveste com paixão.
O resto não contou:
foi tão-só uma sombra que passou,
pura ilusão, e nem rasto deixou.

__Torquato da Luz ( Poeta Português 1943 - 2013)

sábado, 11 de junho de 2016

DÁ LICENÇA POÉTICA PARA MIM TAMBÉM

DÁ LICENÇA POÉTICA PRÁ MIM TAMBÉM.

Gardenia Yud

Quando eu nasci
Um anjo corso
Do Atlântico,
Usando chapéu tricórnio,
— exalando maresia
veio me ver,
Anunciou a contra gosto:
Vai viver do mar!
Impensável sina para mulher.
Monstros, dragões e piratas
Vai ter que enfrentar.
Se resistir— mangou—, aconteceu!

Mas no mar, anjo não sabe,
não se vive, sonha —, só mulher para saber.
Mareada, dança com a morte,
Tapeada, acha que é príncipe.
Aí vem a coragem,
Ilusão de invencibilidade.
No mar, louros e estrelas,
após vencida a batalha,
Pois o azul reflete o zimbório do terceiro céu.

Mar é de ninguém,
é de quem vencer.
As lágrimas vem em ondas
Numa caudalosa mistura
De procela e ouro.
Não evaporam,
pois tem peso de glória.
Vertidas no tumulto das guerras de outrora,

‘Se, há mortos, vivos
e os que ‘andam’ no mar, Platão.
Mulher no mar, é o quê?’
Pergunta para o anjo corso,

Que eu também quero escrever.



quinta-feira, 2 de junho de 2016

A CASA - GARDENIA YUD


POR MAIS DE 10 SEMANAS ENTRE OS ROMANCES E-BOOK MAIS VENDIDOS DA AMAZON. 

CONHEÇA A HISTÓRIA DE CLARA E BENJAMIN, ANA E JOÃO!

Ao deixar o orfanato onde cresceu, Ana desenvolve uma obsessão para conhecer suas origens. Nesta jornada, ela se depara com uma casa envolta em uma história de mistério, amor e assassinato. Mas é em seu encontro e envolvimento com João, que ela se embaterá com seu maior desafio: perdoar e seguir adiante ou dar as costas a um grande amor. 

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terça-feira, 31 de maio de 2016

FOLHA EM BRANCO




Nesta folha em branco há potencial.
Há sonhos, há cores.
Tem um barquinho que navega.
E uma menina de tranças amarradas com laço de fita amarela.

Nesta folha em branco tem uma espiral ascendente,
E outra descendente.
Há uma corda dentro de um poço.
Há asas que voam para longe.

Nesta folha em branco tem uma canção,
Com notas harmônicas, às vezes dissonantes.
Mas a voz que canta não se cala no escuro,
ela cala fundo no coração.

Nesta folha em branco tem um sinal:
Não rasgue.
Construa um poema de amor,
mesmo em meio a um furacão.


Gardenia Yud


segunda-feira, 30 de maio de 2016

EXPECTATIVAS

E se um dia acordássemos e descobríssemos que as expectativas dos outros para nós, perdeu todo o seu peso? Que o sonho pelo qual tanto trabalhamos, na realidade não era nosso e de repente a vontade de persegui-lo não fizesse mais sentido? E se nossa existência sofresse um reset e nos fosse dado a chance de recomeçar, mas desta vez, eu sendo eu?

Essa chance realmente nos é presenteada todos os dias, mas nem sempre temos a coragem de nos engajarmos no perigoso jogo do autoconhecimento. E quando o fazemos, ao relancearmos brechas em nós mesmos e descobrirmos outro ou outros, tememos e recuamos, pois há retalhos costurados em nós que não nos pertence. Precisam ser removidos. Rasgados até, a fim de que possamos nos enxergar melhor. Ainda que sangre um sangue que não é nosso, e surjam lágrimas, ao percebermos que por trás de todo aquele falso colorido havia apenas um grande vazio.


Vale a pena construirmos um mosaico com peças presenteadas pela vida e por outras pessoas, mas que não nos roube de nossa identidade.


domingo, 22 de maio de 2016

EU SOPRO - A força do vento

Em meu livro JOSEFINA, O VENTO E O PÉ DE ROMÃ, Josefina está esperando o vento certo, aquele que transformará sua terra e permitirá que sua árvore brote novamente. Para isso, ela usa seu cata-vento mágico para tentar capturá-lo.

São várias as bibliografias, e mais fortemente nas arcaicas que favorecem o relato fantástico, que o vento é citado como um agente transformador dos tempos e da natureza. Ar em movimento, carregando em si terras distantes, os ventos podem ser suaves e destruidores: mas sempre, ventos de mudança. Algumas pessoas dizem: se quiser ouvir uma boa história, ouça o vento.

Debaixo de seu véu de mistério, este elemento da natureza sempre exerceu fascínio sobre a humanidade. Uma das passagens mais poéticas sobre o vento foi feita pelo sábio rei Salomão. Nela, os ventos são responsáveis por soprar nos jardins e causar o derramamento de seus formosos e agradáveis aromas, — um prenuncio de amor e romance. ‘Desperta, ó vento norte! Aproxima-te, vento sul! Sopra em meu jardim, a fim de espalhar por toda a parte os teus perfumes.’  ( Cânticos 4:16 ).

Mas um dos mais assombrosos Ventos de que se tem notícia é o Vento que entra em um cemitério, faz ossos secos levantarem-se de seus sepulcros, adquirirem vida e se tornarem em um exército. Não... não é um episódio de Walking Dead. Foi uma visão do profeta Ezequiel onde ele viu pessoas completamente mortas pela desilusão e escolhas erradas serem renovadas pela esperança que veio do Vento do Espírito de Deus ao soprar dos quatro cantos da terra.

O vento jamais é um elemento neutro. Ele é causador de turbulências, quer para o bem quer para o mal. Dependendo, é claro, da perspectiva. Minha tia sempre dizia a minha mãe, quando um vento lhe causava calafrios: fecha a janela que esse vento é ruim. E minha mãe não esqueceu o ensinamento fazendo questão de repassá-lo. 

O homem não controla o vento, pode no máximo aproveitar-se de sua passagem ao captar energia. Pegá-lo, vê-lo, você não pode. Mas não tente ignorá-lo. A despeito de sua invisibilidade, ele ‘causa’, deixa rastros. E ainda que não o vejamos, queremos senti-lo e sermos tocados por ele, já que sua ausência é sinônimo de esterilidade, pois o vento carrega sementes.


Da próxima vez que Ele passar por você não seja tão indiferente, pois o Vento diz: eu sopro. Ele sempre traz um novo dia.