O NOVO SEMPRE VEM

SONHANDO COM O CÉU

A ESCADA DE JACÓ - WILLIAM BLAKE

Um dos sonhos mais fascinantes relatados pela literatura é sem dúvida o da Escada de Jacó, no qual o patriarca bíblico visualizou anjos descendo e subindo uma escada que deixava a terra e tinha o seu topo no céu. Vários foram os artistas que tentaram interpretar em tela esta epifania. E cada um alcançou em seu próprio espírito o entendimento para reproduzir em cores este mistério. Mas para mim, nenhum deles alcançou em tela este intento como William Blake, o poeta, visionário e pintor inglês, marginalizado e negligenciado em seu tempo por sua originalidade e genialidade considerada um tanto quanto bizarra. Até mesmo a técnica que ele utilizou na época foi inovadora. Por sua espiritualidade e visões de anjos (que ele contava abertamente sem medo de parecer infantil ou esquisito), acredito que ele conseguiu captar melhor o brilho, o etéreo e também a materialidade da visão de Jacó em sua obra.  Muito de seu trabalho assemelha-se, em minha opinião, ao de Khalil Gibran, talvez pelas pinceladas de espiritualidade nas obras de cada um. 

Saudades

Tanta gente partindo
num rabo de foguete.

1922

SEMPRE GOSTEI DESTE ANO,
APESAR DE NÃO TÊ-LO VIVIDO.

Actual photo of Albert Einstein lecturing on the Theory of Relativity, 1922
Foto de Albert Einstein dando aula sobre a Teoria da Relatividade, 1922.

Imagem facebook: Pictures in History

MINHA PÁSCOA

MINHA PÁSCOA

Eu vi uma baleia no céu,

flutuando docemente ao sabor do vento.

Mergulhou na imensidão azul e ao voltar

à superfície um homem saltou de sua boca, e ela sumiu.

 Nadou para longe,

Restando apenas as ondulações que agitavam os planetas.

Ó homem do deserto, qual é tua missão?

Provocar uma cisão?

O que trazes em teu bordão?

O que as flores de amendoeira exalam?

É de paz tua previsão?

‘Três são os dias de luto,

Mas no final há ressurreição. ’

O homem do deserto,

tão avesso a inspiração,

voltou para beira do infinito,

esperando sua condução,

 que o levaria arredio, para o cumprimento de uma nova missão.

Mas não chore, homem do deserto,

três são os dias de luto e depois vem a ressurreição.

A árvore que secou,

florescerá.

E tua hesitação descobrirá

A profundidade, e a riqueza que há,

Em ser portador de função.

imagem: Play for the Ocean, Vladimir Kush 

Adélia Prado